quinta-feira, 26 de abril de 2012

O lendário prático sergipano Zé Peixe morre nesta quinta (26), em Aracaju, aos 85 anos.

Por Marcia Cruz


O prático sergipano José Martins Ribeiro Nunes, mais conhecido como Zé Peixe, ficou mundialmente conhecido por sua inusitada forma de exercer sua função. Quando um navio necessitava entrar na barra do Rio Sergipe, ele estava a postos para o conduzir, com segurança. Mas após levar a embarcação até fora da barra, em local seguro, despedia-se e mergulhava a alturas médias de 17m, equivalente a um prédio de 5 andares, voltando para Aracaju a nado - nadando por duas a quatro horas, sem cansar e sentindo-se "em casa"Foi esta sua paixão pela água e sua maestria em guiar os navios que o tornou conhecido como "Zé Peixe".


Reverenciado por marinheiros de todo o país, ele faleceu no início da tarde desta quinta-feira, 26, e vai ser velado após as 20h na Capitania dos Portos, em Aracaju. A informação é de sua irmã, Rita Shunk, que também informou que Zé Peixe será sepultado nesta sexta-feira, 27, no cemitério Santa Isabel em horário ainda a definir.

Ainda de acordo com Rita, Zé Peixe faleceu antes mesmo de chegar ao hospital. “Ele passou mal após o almoço, e foi levado por meu filho, Robert Shunk, ao pronto-socorro, porém não resistiu e faleceu no caminho”, informou a irmã de Zé Peixe, que ainda disse que a provável causa da morte foi uma parada cardíaca, e que a confirmação sairá após a realização de uma perícia.


Inesquecível Zé Peixe


Zé Peixe não usava sapatos, dispensava as sandálias e não era fã de água doce. Seu habitat preferido era mesmo a água salgada. Homem franzino, de 1,60 metro de altura, era de pouca conversa


O que o torna reverenciado em sua profissão, não é somente sua maestria em conduzir os navios a nado, sem ajuda de outras embarcações, mas também o fato de nunca ter errado no exercício de sua profissão. Era como se conhecesse o mar de Aracaju como a palma de sua mão.


Sua simplicidade e humildade são características que vão ficar na memória de quem teve o prazer de conhecê-lo. “Ele era um cara que sempre teve os pés no chão. Nunca teve um lapso sequer de vaidade, mesmo sendo personagem de reportagens nacionais e internacionais, em revistas da Alemanha e da Inglaterra”, declarou o prático Leonardo Inácio, que conviveu com Zé Peixinho (como ele era conhecido por seus colegas na praticagem) por mais de 20 anos.


Ele amava o que fazia! Ao receber seu salário, o distribuía com pedintes, velhos pescadores que não podem mais trabalhar e não têm nenhum tipo de amparo, catadores de caranguejo que não tiram seu sustento do mangue ou pobres que caíram na infelicidade da bebida e esmolam pelas ruas. Sua casa, ao lado da Marinha, na Avenida Ivo do Prado, certamente se tornará um ponto turístico obrigatório para quem visitar a capital sergipana.


Joe Fish para os gringos


Entre suas histórias inusitadas, uma das mais conhecidas e engraçadas, e que o ajudou a ter fama internacional, foi quando um capitão russo de um cargueiro chegou a pedir que o detivessem quando estava para se lançar ao mar, achando que ele estava se suicidando. Os gringos o chamavam de "Joe Fish", e todos queriam conhecer o famoso "homem peixe" sergipano.


Sua história virou uma biografia (não autorizada) em Aracaju. A obra deveria ser distribuída gratuitamente, mas os autores ignoraram o pedido da família e colocaram à venda. Agora, uma segunda biografia, desta vez oficial, está a caminho. Quem prepara é sua sobrinha-neta Luciana Shunk.


Confira matéria sobre Zé Peixe exibida no Jornal Nacional, na Rede Globo, em 2008.


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